terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Naquele momento dei-lhe o mundo

Tudo indicava que ia ser mais um sábado de muito calor. A sesta estava difícil. Decidimos ir à praia. O cachopo pegou nas pás, baldes e toda a parafernália de construções na areia e lá fomos ver o mar. Chegámos. O troca-tintas estava inquieto, tinha imensa coisa para fazer. Instalámo-nos e fomos molhar os pés. Posto isto, começa a correr em círculo. Corria pela areia, molhava os pés, saltitava numas pequenas piscinas que se tinham formado, voltava a pisar a areia, mantendo-se nesta corrida durante, sem exagerar, quinze minutos. Eu fiquei no meio do círculo a observá-lo.  O principezinho estava completamente em êxtase. Naquele instante, senti que lhe tinha dado o mundo, nada naquele momento lhe podia trazer mais felicidade. Ria-se, dava pequenos gritos de excitação e corria, corria o mais que podia, corria só porque sim. Fiquei emocionada. Algo tão simples, mas que fez a diferença no dia dele e no meu, porque ainda hoje me lembro do seu rosto naquela tarde quente. Uma lembrança que me ajuda a relativizar problemas que não são problemas, tristezas que não são tristezas.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

"E agola mãe, que fajemos?"

Eram horas de dormir, mas o cachopo ainda queria conversa e, para ser sincera, a mim também me apetecia. Peguei-o ao colo e sorrimos. Aproximámo-nos da parede cheia de fotografias do quarto dele e comecei a descrever aqueles instantes de vida, outrora fixados. "Olha, aqui estás tu na banheira. Lembras-te? Com o cabelo cheio de espuma? Nesta, estás ao colo do pai. Já viste, têm camisolas iguais, uma grande e uma pequenina. Aqui estás a brincar dentro da caixa dos legos." O seu olhar estava risonho, lembrava-se. Depois, com o seu dedinho, apontou para uma fotografia e perguntou: "E este bébé, quem é?", "Esse bébé eras tu quando eras muito, muito, muito pequenino." Ficou sério. Olhou para mim, voltou a olhar para a fotografia e disse-me com um pequeno beicinho: "E agola mãe, que fajemos?" Senti alguma tristeza e talvez um pequeno pânico no seu olhar.  Não estava a conseguir processar aquela informação. Onde estava aquele bébé naquele preciso momento? Tinha-se perdido? E quem tratava dele agora?  Olhava como se uma parte dele estivesse esquecida algures. "Tu és aquele bébé mas cresceste. Os olhos são os mesmos, estas bochechas são as mesmas, mas cresceram." Com um ar ainda meio desconfiado disse: "Aaaah... Já pechebi..." Não sei se percebeu, mas ficou mais tranquilo. O que iria naquela cabecinha?

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

uma música para começar bem o dia


Brown Eyed Girl - Van Morrison


Uma música com boas energias para começar bem o dia!

Uma casa com paredes de ardósia

Às vezes, apetecia-me ter uma casa com paredes de ardósia, andar com um pauzinho de giz no bolso e escrever, escrever este mundo e o outro, transbordar ideias, histórias, criar personagens, deixar fluir emoções. Uma casa com paredes de ardósia nunca seria escura, antes pelo contrário, o mundo que se abre numa ardósia faz dela uma janela, uma ponte, uma ligação com os outros e comigo. Encontram-se caminhos, criam-se oportunidades que se vão delineando com um pequeno pau de giz. E assim, no Natal que passou, a minha prenda foi esta janela que partilho hoje aqui com vocês!... Feliz 2015!