quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Distância de Segurança


Tal como já escrevi anteriormente, desde que sou mãe, tornou-se fácil interpretar a linguagem corporal dos outros pais. Outro dia, deparei-me com uma situação que é curiosa e se for observada fora do contexto pode até ser bastante divertida. É chamada a "Distânia de Segurança". Quando os nossos filhos já andam com uma certa naturalidade e sem cair, começamos a dar-lhes alguma liberdade para andarem e correrem à vontade. Porém, pai que é pai ou mãe que é mãe, tem estipulado na sua cabeça uma distância de segurança. Uma distância que no instante que é ultrapassada leva-nos, enquanto pais, a iniciar uma corrida desalmada para apanhar o cachopo, que corre como se não houvesse amanhã. Outro dia, fui com o meu filhote passear para a Expo. Estava a tarde ideal para jogar: "Cansá-los bem, para Dormirem ainda melhor!". Certamente, um jogo familiar para muitos de vocês. Enquanto jogávamos a esta maravilhosa brincadeira, apercebi-me que não eramos os únicos, vários pais estavam ali a jogar ao mesmo. Observando de fora, aquela zona da Expo parecia um local de treinos, de corridas que estavam a acontecer paralelamente, para uma modalidade desportiva. Vários meninos e meninas corriam, cada um com o seu pai, ou melhor dizendo, com o seu personal trainner que, verdade seja dita, fazem uns sprints absolutamente extraordinários, dignos de quaisquer olimpíadas! 

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

A Avó Nini está aí para as curvas!



Não é para me gabar, mas até costumo ter o sentido apurado para perceber o duplo significado de expressões em geral. Porém, há dias, que parece que tenho o botão da perspicácia desligado e as coisas passam-me ao lado, ou melhor dizendo, interpreto as expressões no sentido literal. Passemos a um exemplo: a minha avó Nini já tem 84 aninhos e, de vez em quando, vai passar umas temporadas a casa dos meus pais ao Alentejo para mudar de ares. Numa dessas vezes, dei-lhe boleia na sua viagem de regresso a Lisboa. Aproveitámos o caminho para pôr a conversa em dia. Às duas por três, diz-me ela: "Nem sabes, num destes dias, plantei cá uma figueira!... Nem imaginas!...", "A sério, avó?",  "Sim, uma grande figueira!", "Ai avó, só tu para ires para o Alentejo plantar figueiras!...". Ri-me e avó Nini  riu-se também. Depois, ficámos caladas durante algum tempo. Eu continuei a pensar na plantação da figueira: "Mas que raio? Porque é que os meus pais haviam de deixar a minha avó plantar uma figueira? Ela já não vai para nova... Ok, eu sei que gostam de a manter entretida, ela própria gosta de se sentir útil, mas plantar uma figueira não é propriamente fazer crochet. Será que ela andava sem fome e a jardinagem foi a forma que arranjaram para lhe abrir o apetite?" Enfim, tinha que averiguar a situação. Chegámos a Lisboa. Deixei a  avó Nini na sua casa e depois segui para a minha. Já não conseguia aguentar mais, tinha que ligar à minha mãe. "Estou, olha, já estamos em Lisboa. A avó já está em casa. Mãe, tens que me explicar uma coisa: Que raio de actividades vocês andam a organizar para avó? Ela disse-me que andou a plantar figueiras.... Mãe, a avó tem 84 anos, não vos ocorreu uma coisa mais simples? É que...", "Sónia! Calma!" Interrompeu a minha mãe, aproveitando, para me ligar o botão da perspicácia: "Plantar Figueiras, quer dizer caír. A avó enquanto fazia a sua caminhada pelo pomar escorregou, mas não foi nada complicado." E depois começou-se a rir e com razão: "Ai Sónia... Só tu...", "Pois...", disse eu, sorrindo envergonhada. "Beijinhos". Desliguei o telemóvel e comecei a rir por dentro. Agora percebo porque é que avó Nini se riu quando disse que tinha plantado uma figueira, porque apesar da idade continua a ser uma senhora encantadora com um grande sentido de humor!

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Brindar, Brindar, Brindar!


Outro dia, desafiei o meu filhote a fazermos "Tchim, tchim". Sem saber o que era, disse logo: "Sim, mãe!" Pelo nome pareceu-lhe ser um jogo divertido e seguimos os dois para a cozinha. Dei-lhe um copo para a mão com um bocadinho de água e preparei outro para eu beber. Com os olhos postos em mim e com as duas mãozinhas a segurar o copo, aguardava que eu ditasse as regras do jogo. Avancei com o meu copo, toquei no dele e disse: "Tchim, tchim!" E ele, com um sorriso de orelha a orelha, repetiu: "Tim, tim" e bebemos um pouco de água. A partir daí foi ele a comandar as tropas. Vários "Tins, tins" se seguiram.  Enquanto ele bebia, só lhe conseguia ver os olhinhos risonhos que antecipavam já o próximo brinde. Olhava para ele divertida e ele dizia-me: "Bébi, mãe!" Sim, porque eu já me tinha esquecido de beber, apetecia-me ficar, apenas, a beber do seu sorriso encantador. Há quem me diga: "Não se brinda com água! Coloca umas gotinhas de sumo, qualquer coisa!" Pois desculpem-me, mas  acho que devemos brindar com o que temos à mão e se é água que temos, é com água que brindamos! Não nos devemos privar de comemorar o momento, porque não temos a bebida adequada: "Ah, espera aí, que vou ali buscar uma garrafa! Epá, não encontro o abre-garrafas..." e às tantas o momento foi-se.  Um brinde verdadeiro é aquele que surge sem mais nem menos, é uma força do instante, e são esses "tchins, tchins" que sabem bem, porque são genuínos! Se não houver nada para beber, então que se batam as palmas, que se dê um abraço, o brinde será aquilo que nós queremos que ele seja, mas acima de tudo deve ser um gesto natural, é essa a sua magia! E sim, nos últimos dias, antes do cachopo se deitar fazemos vários "tchins, tchins" com água, porque todos dias são merecedores de comemorar as nossas vidas!...


TCHIM! TCHIM!

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Viagem de Tapete Voador



Tomei coragem, sentei-me no tapete voador e lá fui eu. No início da viagem sentia um frio na barriga. Temia uma queda vertiginosa. Expectativas, medos e bloqueios atropelavam-se dentro de mim. Resolvi abrandar o ritmo da viagem para poder apreciar as vistas. Afinal só tinha a ganhar.
 É assim que recordo os dias que antecederam o curso da escrever, escrever que decidi fazer. A simpática recepção das pessoas que ali trabalham facilitaram o início da viagem. As matérias foram primorosamente abordadas e a discussão dos temas surgia naturalmente. Em todas as sessões, havia um momento que eu receava: o confronto com a folha de papel em branco. A verdade, é que consegui surpreender-me: o impulso de escrever era mais forte. Não era preciso muito tempo para que as palavras transbordassem para o papel, as ideias fervilhassem no meu pensamento e a emoção e o prazer da escrita comandassem o ritmo de enfrentar aquela folha imaculada. Na segunda sessão, já não olhei para o  desafio de escrita como um confronto, mas antes como um diálogo, um diálogo delicioso entre mim e as palavras que ali estava a escrever. Encarei este curso como um desafio, que ao longo das sessões se revelou uma extraordinária descoberta.
Aos apaixonados da escrita, aconselho, vivamente, a frequentarem um curso da escrever, escrever. Existem vários, direccionados para diferentes tipos de escrita.
O vento que temia enfrentar na viagem de tapete voador deu lugar a uma lufada de ar fresco, uma brisa que me trouxe boas ideias.
Aterrei com um brilhozinho nos olhos.

Obrigada.




segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Rock Your World





Ligam-se as luzes, ouvem-se os primeiros acordes, uma estrutura alta começa a descer. A diva aparece em todo o seu esplendor. Os fumos tornam a chegada mais misteriosa. Só podia ser ela: Tina Turner!... Inevitavelmente no refrão junto-me a ela e é o êxtase: Big wheel keep on turning, Proud mary keep on burning, And we're rolling, rolling, Rolling on the river... Sem deixar a multidão acalmar chega a minha querida amiga Liza Minnelli. Começa serena, mas deixando adivinhar um fim deslumbrante. Mais uma vez, aproximo-me dela para o desfecho do tema: I'll make a brand new start of it, In oooold New Yoooork, If I can make it there, I'll make it anywhere, come on, come thoug, New York, New Yoooooooooork! O fôlego quase me falta mas seria impossível não acompanhar a poderosa Aretha Franklin em R-E-S-P-E-C-T, find out what it means to me, R-E-S-P-E-C-T, take care , TCB, Oh ( sock it to me, sock it to me) a little respect (sock it to me, sock it to me) Whoa, babe, just a little bit, a little respect... E de um momento para outro as luzes apagam-se e o silêncio torna-se alto. Acabei de chegar ao trabalho. Estacionei o carro e desliguei o rádio. Tudo não passou de um extraordinário momento em que dei largas à imaginação, saltei para o palco, para junto de três maravilhosas artistas  e em conjunto interpretámos temas cheios de garra. Saí do carro. As pessoas cruzavam-se comigo, enquanto me dirigia para o meu gabinete. Ninguém podia adivinhar o que tinha acontecido naquela viagem, que as divas tinham vindo comigo. "Lá ia a pacata Sónia...", mas na verdade sentia-me poderosa para enfrentar mais um dia de trabalho. Estava capaz de mudar o mundo. 

"Rock your world!"









segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Vai-e-Vem de Olhares



O olhar de uma criança é para mim das coisas mais lindas, talvez porque seja algo genuíno, algo verdadeiro, é exactamente aquilo. Quando estou num café ou restaurante delicio-me a navegar pelas famílias que por ali passam. Antes de ser mãe, mergulhava apenas no olhar das crianças. Nesse mergulho, conseguia regressar à minha infância. De repente tinha seis anos e estava sentada na mesa do lado, a olhar pelos olhos daquele menino, a sentir o seu prazer em se lambuzar com uma bola de berlim ou a alegria de ganhar um simples jogo do galo. Sempre tive essa facilidade, de viajar na linha do tempo e de regressar à minha infância as vezes que me apetecem. Gosto de continuar a sentir os pequenos prazeres de quando era criança. O ser mãe, deu-me outras faculdades, o de também conseguir mergulhar no olhar dos pais, e poder ler as suas preocupações e encantamentos... Lêem-se tão bem os seus rostos. Gosto deste vai-e-vem de emoções... Ora estar em missão com o meu filho a fazermos um puzzle, ora estar em missão de educá-lo, de lhe ensinar coisas e observar aqueles olhinhos a absorver tudo.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Dieta Alimentar para a Vida


"Come bem, deita-te cedo, pratica um desporto para cresceres de forma saudável." 
Será isto o suficiente para crescermos bem? Eu diria que isto é apenas uma parte para o nosso bom crescimento físico, mas há outras coisas igualmente importantes  e que, de maneira nenhuma, são prescindíveis: são elas os laços que criamos com as pessoas à nossa volta. O fluxo de sentimentos que daí nasce, permite fortalecer esses laços, pois nessa troca de emoções estão "vitaminas" essenciais ao nosso crescimento. 
Lembro-me da primeira consulta do cachopo, tinha apenas 5 dias. A pediatra disse para o despir. E, antes de fazer alguma coisa, deixou que a expressão corporal dele falasse e só depois comentou: "vê-se que é um bébé que está bem com ele próprio. Aprecie a forma como ele se espreguiça, é um bébé tranquilo." 
Estava à espera que naquela consulta fossemos falar apenas de amamentação, horas de sono, vacinas, mas não. Aqueles breves momentos da consulta fizeram toda a diferença ao perceber como é crucial este lado da "alimentação" de um bébé. De alimentar a sua tranquilidade, de alimentar a sua confiança e segurança, de o apertar contra o peito para ele ouvir o meu coração, provavelmente o som mais familiar para ele durante a gravidez. Eu própria, enquanto mãe "acabadinha de nascer" senti-me bem, tranquila e segura naquele instante. 
Os mimos fazem-nos crescer saudáveis, por isso, em momento algum se esqueçam de incluir mimos na vossa "dieta alimentar"!...