segunda-feira, 13 de maio de 2013

Uma história de outra galáxia


Lembro-me ter uns 9 anos e estar uma daquelas típicas tardes alentejanas de um calor insuportável. Nestes dias eu e mais dois amigos antecipavamos a resolução do problema: de manhã, pela fresca, íamos ao clube de video, alugar um filme para assistirmos à tarde. O filme escolhido naquele dia marcou a minha infância: chamava-se O Gato que Veio do Espaço e não eram desenhos animados, era um filme à séria com um gato a sério, vindo de outra galáxia, que tinha uma coleira com super poderes. O filme era qualquer coisa de espantoso, com efeitos especiais incluídos. Naquela tarde vimos o filme duas vezes, tirando os momentos que voltávamos atrás para ver novamente determinada cena. 
Depois, por volta das seis e meia da tarde, quando já corria uma brisa, fomos brincar para a rua com os nossos gatos, que agora (pouca sorte a deles...) tinham super poderes e eram os protagonistas das nossas brincadeiras. 
Chegada a hora de jantar, regressei a casa e contei vezes sem conta a história aos meus pais ( hoje quando penso nestes momentos até tenho pena deles: terem de me ouvir a descrever pormenorizadamente cada cena. Enfim, calha a todos). 
Quando estavamos a jantar, o meu pai disse que os pais desses meus amigos iam naquela noite lá a casa com os filhos tomar o café. "Boa!" afirmei, "Vou ligar-lhes para trazerem o filme e vermos outra vez!" Era o serão perfeito. Estava excitadíssima. 
Oiço o barulho de um carro a aproximar-se: "São eles!" gritei e fui a correr para a rua. Abri a porta e com os braços no ar disse em alto e bom som: "Bem-vindos à Nave Espacial!" 
Tudo isto seria muito bonito se o carro que tivesse chegado fosse o dos meus amigos, mas não era, eram uns pacientes do meu pai que depois de me terem ouvido, ficaram na dúvida se seria boa ideia embarcarem naquela nave espacial e serem consultados por um médico vindo do espaço...



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