terça-feira, 28 de maio de 2013

O Meu Filho, a Minha Verdade



Não me canso de olhar para os olhos do meu filho e apreciar a forma como ele absorve a realidade, de apreciar as emoções estampadas no seu rosto. Vejo tanta pureza, tanta serenidade, tanta autenticidade que quero envolver numa bola de sabão para aconchegar toda aquela magia. Mas sei que essa bola de sabão não dura para sempre porque a realidade em que vivemos está "bem afiada" e a qualquer momento vai rebentá-la. E essa ingenuidade vai perder-se por aí, porque o mundo está feito de jogos, de mentiras, de batalhas desleais, de corridas absurdas que vão espezinhar aquela pureza. Às vezes, chego a casa triste com o ser humano em geral, capaz de tornar uma conversa num jogo de farpas, que procura os pontos fracos do outro para atacar a qualquer momento. Inevitavelmente, essa realidade  vai-nos corroendo por dentro, dando-nos apenas uma alternativa: usar uma máscara para nos proteger, para conseguirmos ter o nosso baú de emoções intocável. Esquecemo-nos é que se permanecermos muito tempo com essa máscara deixamos de ter acesso a nós e isso também é grave porque as emoções não podem ficar eternamente num baú, não é esse o seu propósito. Olho para o meu filho e sinto que está ali a minha verdade, um mundo perfeito sem mentiras, sem jogos, um mundo de emoções à flor da pele, ali prontas a transbordar. Quando olho para ele, sinto-me mais próxima de mim, é como se me olhasse e se, nesse momento, por acaso, solto uma lágrima, fico com a certeza que ainda estou ali, que a tampa do meu baú de emoções continua aberta.
A única solução que tenho para proteger a minha verdade é continuar a soprar muitas bolas de sabão, cada uma com um gesto, um sorriso, um abraço, uma frase, uma história, uma canção cantada em conjunto, porque se alguma dessas bolas rebentar haverá sempre outras por aí a flutuar guardando toda a pureza de um olhar de criança.




by Ciel Photography

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