terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Uma Quadra Muito Especial...



Devia ter uns 8 anos e estava na terceira classe. Chegada a altura das festas dos Santos Populares, a professora lançou-nos um desafio: "amanhã tragam uma quadra dedicada ao Sto. António. Podem pedir ajuda aos vossos pais." Cheguei a casa com uma missão. Depois de lanchar, fazer os exercícios de matemática e a ficha prática do livro de meio físico, fui com um caderno e um lápis ter com o meu pai. "Preciso da ajuda num trabalho de casa.", "O que é que precisas?" Disse-me, mas continuando a organizar fichas de pacientes e a tomar notas. " Tenho que fazer uma quadra ao Sto. António..." Na verdade, acho que o meu pai só ouviu a parte da quadra, porque rapidamente me respondeu: "Da minha casa à tua, são dois passos de distância, caí, escorreguei numa casca de melancia. Mas como "melancia" não rima com "distância" dizes "melância." Pronto, Sónia, tenho que acabar este trabalho. Mais logo vejo se me lembro de outra quadra." Apontei tudo atentamente. Não tinha percebido bem a quadra e não estava muito certa da parte do Sto. António, mas o meu pai pareceu-me bastante seguro, por isso fiquei tranquila.  Entretanto, banho, jantar, cama e já não houve tempo de rever a quadra. No outro dia, entrei na sala de aula com a sensação de que a minha missão ainda não estava cumprida, precisava de convencer a professora com a minha quadra. Não sei porquê, mas algo me disse que não era boa ideia ler aquilo em voz alta e, enquanto os meus colegas se sentavam, fui até junto da secretária da professora. "Professora, não sei se a minha quadra é boa, porque não rima, é preciso fazer uma pequena alteração para poder rimar. É assim: "Da minha casa à tua, são dois passos de distância, caí, escorreguei numa casca de melancia", mas como "melancia" não rima , o meu pai disse-me para dizer "melância". Naquele momento suspirei de alivio, senti que tinha conseguido defender bem a rima da minha quadra. A professora ouviu toda aquela argumentação sem se desmanchar a rir, mas agora que recordo a situação, o sorriso que esboçou na altura podia rebentar a qualquer momento."Sónia,  hoje ainda não vamos ler as quadras, só amanhã, por isso tens tempo de ver com o teu pai outra quadra. Agora podes ir para o teu lugar." Fui-me sentar mais descansada, tinha sido alargado o tempo para cumprir a minha missão. Naquela noite, consegui então uma verdadeira quadra da minha autoria dedicada ao Sto. António:
"Meu Sto. António
 Meu Sto. Antonico
 Tu tens uma planta
 Que é o manjerico."

Só para terminar: isto aconteceu mesmo. Agora sim, 1,2,3... Podem rir-se, isto no caso de não vos doer já a barriga de tanto rir!...  Agora podes ir para o teu lugar." Fui-me sentar mais descansada, tinha sido alargado o tempo para cumprir a minha missão. Naquela noite, consegui então uma verdadeira quadra da minha autoria dedicada ao Sto. António:
"Meu Sto. António
 Meu Sto. Antonico
 Tu tens uma planta
 Que é o manjerico."


Só para terminar: isto aconteceu mesmo. Agora sim, 1,2,3... Podem rir-se, isto no caso de não vos doer já a barriga de tanto rir!... 



2 comentários:

  1. As preocupações e dramas vividos na nossa infância agora recordados em adultos têm qualquer coisa de outro mundo... pura magia!:) Ah! Boa inocência e simplicidade infantil para encarar a vida!!;) ahahaha Beijinhos

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