terça-feira, 2 de abril de 2013

Laços



Quando eu era pequenita, a minha avó Nini ía buscar-me ao infantário, muitas vezes. "Vá, diz até amanhã aos teus amigos." , "Até amanhã!" dizia eu,  acenando com uma mão e dando a outra à minha avó. Já não a largava. E lá íamos as duas, por ali fora, de mão dada. Uma mão que ainda hoje  lhe consigo sentir o calor, o carinho e a segurança. Uma mão que me dava logo um puxão se fosse a cair, um mão que me fazia parar junto à passadeira para ver se vinha algum carro, uma mão que me ajudava a subir as escadas do prédio: "Upa Sónia, tu consegues!" Hoje, passados 30 anos, os papéis invertem-se: agora sou eu que a amparo quando vamos passear. "Dá cá a mão avó para não caíres." , "Cuidado, mesmo que o semáforo esteja verde, tens que olhar sempre, ouviste avó?" E lá seguimos as duas de mão dada como nos velhos tempos. A ligação que foi estabelecida entre nós na minha infância continua, o laço de ternura que nos une permanece igual e é ele que não deixa que nenhuma das duas caia.


4 comentários:

  1. Oh :) Não me podia ter identificado mais com estas palavras e imagens. É exatamente assim com a minha avó Adelaide. Agora fiquei cheia de saudades dela.... tenho de lhe ligar. obrigada querida *********

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  2. Agora também sou avó e fiquei com lágrimas nos olhos a pensar como será daqui a uns anos.Será um bom sinal se me acontecer o mesmo.Terei cumprido a minha função de avó

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  3. :)..... beijocas Fizeste-me pensar no passado e no presente...

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  4. é das maiores riquezas que temos na vida!

    que estória tão bonita! :)

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