quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Deixar Alguma Coisa Por Fazer





Tenho um medo avassalador de morrer e deixar alguma coisa por fazer, algo por dizer, algo por viver. É tudo assustadoramente frágil. Ainda outro dia, estava parada num semáforo, com uma energia fora do normal, daqueles dias que estou capaz de mudar o mundo, com a cabeça a fervilhar de mil e um projectos, e de repente sou assaltada por um medo que me preencheu por completo: e se me acontece alguma coisa, para onde vão todas estas ideias, tudo aquilo que quero fazer? Na minha mente os pensamentos atropelavam-se: "primeiro eu!", "não eu sou mais importante!"  estava o autêntico "chinfrim" dentro da minha cabeça.  Voltei para casa, precisava de me acalmar, precisava deixar os pensamentos fluirem, deixá-los conversar. Sentei-me no sofá e fechei os olhos: "Tenho que ver prioridades e deixar de adiar projectos, o tempo deles é agora, não é amanhã. Só cá estamos uma vez, quero que valha a pena!..." Mas porque é que estava com as emoções tão à flor da pele e especialmente naquele dia?... Só depois me apercebi que era dia 31 de Julho, o dia em que o meu avô fazia anos. Um homem activo que do dia para a noite desapareceu num estúpido acidente numa passadeira. A sua memória, as suas ideias, os seus projectos perderam-se no embate. Para mim o meu avô continua a fazer anos porque não o deixei morrer, ele ainda cá está e talvez por isso tenha estado tão sensível naquele dia, queria dar-lhe um abraço!...
Tenho que ir, já estou atrasada... Há muito para fazer!...


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